Diante da atual escassez do insumo por todo o mundo, o Ministério da Saúde emitiu nota com recomendações para a racionalização do uso de contraste iodado para exames e procedimentos médicos, até que ocorra a normalização do fornecimento do produto. O documento foi elaborado por intermédio da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde (SAES) e da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE) junto ao Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular (SOBRICE), Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), e Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI).
“A escassez de meios de contraste é global e de grande preocupação. A interrupção nas cadeias de suprimento, produção e distribuição ocorre principalmente por consequência da pandemia da COVID-19, na China, uma vez que medidas de lockdown foram decretadas localmente, impactando na cadeia de produção das indústrias chinesas”, diz a nota. “Uma das principais empresas afetadas, o laboratório GE Healthcare, informou que a fábrica de Xangai havia sido afetada, mas que, desde o início do mês de junho, retomou em 100% a capacidade de produção. No entanto, devido à escassez no mercado internacional, ainda há a dificuldade no atendimento e normalização da relação entre oferta e demanda”, continua o documento.
A nota traz uma série de recomendações para racionalização do contraste na Ressonância Magnética, Tomografia Computadorizada e Medicina Nuclear.
Nos últimos meses o CBR tem manifestado preocupação e discutido alternativas para lidar com a escassez de contraste. Em junho, foi realizado um webinar que contou com uma palestra para apresentação de alternativas. “Não podemos abrir mão da qualidade, de procurar soluções preservando a qualidade”, destacou o presidente do Colégio, Valdair Muglia, na ocasião. O webinar pode ser conferido na íntegra no canal oficial do CBR no Youtube.
Para a diretora científica do CBR, Luciana Costa, “é uma oportunidade de revermos a literatura, revermos o que é possível ser feito de melhor para o paciente no sentido de que a literatura já nos permite ter uma redução de contraste, obviamente sem ter uma redução de diagnóstico”. Ela também deu uma entrevista à Record TV em reportagem sobre o problema.
A vice-presidente do CBR, Cibele Carvalho, foi no mesmo tom: “Cada vez mais, quando a gente passa pelas adversidades, é momento de aprender. É oportunidade de rever doses de contraste e doses de radiação para os nossos pacientes”.