04 de outubro de 2022 - Leandro Conceicao

Especialistas debatem medicação sem dano em radiologia e diagnóstico por imagem no Webinar Padi

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Webinar fez parte das atividades do Padi sobre o Dia Mundial da Segurança do Paciente

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Grandes especialistas participaram de debate com o tema “Medicação Sem Dano em Radiologia e Diagnóstico por Imagem” realizado pelo Programa de Acreditação em Diagnóstico por Imagem (Padi), do CBR, entidade que há 74 anos representa oficialmente a especialidade no país. O webinar foi realizado na noite desta quarta-feira (28), como parte das atividades do Padi sobre o Dia Mundial da Segurança do Paciente (17 de setembro), cujo tema definido pela Organização Mundial da Saúde para este ano foi “Segurança de Medicamentos”.

No Webinar do Padi, Segurança na cadeia medicamentosa foi tema de apresentação da farmacêutica Aline Ducatti, auditora do programa e consultora em Saúde. “É importante ressaltar que, para que a cadeia medicamentosa funcione corretamente, ela precisa ser multidisciplinar. A gente tem múltiplos players, múltiplos profissionais que, através de uma grande conexão, cada um na sua linha de cuidado, do seu conhecimento, vai agregar positivamente um valor nessa cadeia terapêutica medicamentosa”, destacou.

“E aí, cada um precisa descrever um protocolo multidisciplinar sobre a utilização desses medicamentos na organização de saúde e demonstrar o atendimento do paciente de uma forma integral, colocando o paciente no centro do cuidado. Após o atendimento do paciente, de todas essas etapas do cuidado, é preciso que sejam feitos os registros críticos múltiplos e integrados acerca do atendimento e da utilização dessa medicação, um histórico importante acerca daquele cuidado: prontuários, planos de atendimento, ficha de alta”, completou Aline Ducatti.

A auditora comentou casos que foram destaque na mídia por trazerem graves danos a pacientes por erros de medicação em clínicas e hospitais e alertou que o contraste também deve ser visto como um medicamento. “Muitas vezes dentro das organizações de serviços de imagem, o contraste não é enxergado com a sua potencialidade, com todo o perigo que ele pode oferecer. Muitas vezes, o contraste é visto como parte da máquina e não como uma parte terapêutica, como uma parte do exame propriamente dito”, observou. Um dos casos apresentados foi o de uma clínica condenada pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) a indenizar um paciente queimado por contraste durante uma tomografia.

Aline Ducatti apresentou ainda estudos que apontam que: 50% de todos os danos evitáveis em assistência à saúde são gerados com a utilização de medicação; o que causa um desperdício de US$ 42 bilhões por ano, que representa aproximadamente 1% do total de despesas de saúde no mundo. Outros dados apresentados indicam que, no Brasil, até 40% das falhas na administração de medicamentos têm como principais problemas: horário, dosagem, via de administração, medicamento não autorizado ou paciente errado.

Ela também apresentou uma série de recomendações sobre como tornar a cadeia terapêutica medicamentosa mais segura, com base nas regras da Norma Padi, como implantação de barreiras de segurança, que diminuem os erros em 70%, identificação de atividades críticas, mapear e traçar protocolos de segurança, padronização, cuidados na compra, armazenamento; dispensação, entre outros.

Contraste

O Dr. Guilherme Hohgraefe Neto, membro da Comissão de Acreditação em Diagnóstico por Imagem (CADI) do CBR, proferiu palestra sobre Segurança em Meios de Contraste Radiológicos. “Toda vez que a gente administra contraste nos nossos pacientes, a gente corre um risco, que é pequeno, mas existe, de o paciente apresentar um evento adverso. E se isso não for bem manejado dentro dos serviços de imagem, a gente corre o risco de ter um desfecho negativo, uma tragédia para todos os envolvidos na situação”, destacou. “A gente tem que se treinar, tentar entender porque os pacientes podem apresentar eventos adversos, quais os fatores mais importantes de serem reconhecidos, e como minimizar o impacto disso na nossa rotina.”

O Dr. Guilherme Hohgraefe apresentou estudos sobre o risco de eventos adversos nos contrastes: o iodado iônico, que não é mais utilizado, tinha o elevadíssimo índice de 13%; o iodado não-iônico tem taxa de 0,6%; e o gadolínio, 0,3%. Ainda de acordo com ele, em caso de eventos adversos, mais de 90% são reações leves, como congestão nasal, prurido localizado, náusea e cefaleia; 8% são reações moderadas, como prurido difuso, eritema difuso, edema de face e broncoespasmo; e 2% são reações graves, como edema laríngeo, choque anafilático, arritmia cardíaca e convulsão.

Ele também falou sobre normas do Padi relacionadas ao uso do contraste. “É muito importante, na técnica dos exames, a gente colocar se foi ou não utilizado contraste, incluir o nome do produto. Fica muito mais fácil de pensar no futuro a segurança desse paciente se a gente souber, de fato, o que ele utilizou no passado”, explicou. “Caso a gente não administre contraste neste paciente, a gente deve deixar descrito no relatório do paciente o motivo da contraindicação ao uso de contraste, para que, no dia que ele for para outra cidade, outro país, haja esse registro, e o radiologista que for atender esse paciente entenda porque não se deve utilizar contraste neste paciente.”

Sobre pré-medicação, o Dr. Guilherme Hohgraefe esclareceu que a maioria das sociedades de radiologia no mundo têm se mostrado contrárias atualmente. “E o risco de se utilizar esses medicamentos é que o médico que está no serviço de imagem pode atribuir a eles uma falsa segurança e, por conta disso, correr o risco de não atender de forma adequada esse paciente.”

Ele ressaltou ainda a importância de treinamento continuado, pelo menos uma vez por ano, e resgate adequado para oferecer atendimento adequado em caso de reações adversas. A Norma Padi estabelece que o serviço de imagem deve contar com um protocolo divulgado e uma equipe mínima, composta por pelo menos um médico radiologista com certificação em Assistência à Vida em Radiologia (AVR, emitida pelo CBR), ACLS, BLS ou médico especialista apto a tratar intercorrências, como reações adversas a medicamentos/contraste, em todos os horários de atendimento. Leia a Norma Padi na íntegra!

Radiofarmácos e Dispositivos de Medicação

O físico Carlos Henrique Simões de Souza, também auditor Padi, falou sobre Controles e Cuidados com Radiofarmácos, que envolvem cuidados administrativos, físico-químicos, químicos, biológicos e de estabilidade e devem ser realizados por pessoas treinadas e competentes.  

A enfermeira Marcela Padilha Facetto Azevedo proferiu palestra sobre Dispositivos de Medicação: da aquisição ao uso correto para a segurança do paciente. Ela falou sobre detalhes a serem verificados no processo de validação, na aquisição e uso dos itens e normas do Padi relacionadas ao tema. Outro assunto abordado foi a prevenção do extravasamento de contraste.

O Webinar Padi “Medicação Sem Dano em Radiologia e Diagnóstico por Imagem” está disponível na íntegra no canal oficial do CBR no YouTube.

Leia também: O Dia Mundial da Segurança do Paciente e os serviços de diagnóstico por imagem