O XLVI Congresso Brasileiro de Radiologia (CBR 17) começou em excelente nível no Centro de Convenções Expo Unimed, em Curitiba (PR). Com 17 salas temáticas, onde aconteceram, além da cerimônia de abertura, diversas palestras, painéis e estudos de caso dentro das mais variadas subespecialidades. Em algumas salas, um ambiente para a realização de procedimentos também foi construído para dar mais interatividade ao evento.
O radiologista Dr. Gustavo Suertegaray, de Santa Maria (RS), vê o CBR como um congresso mais focado na parte prática. “Parece-me um evento extremamente didático. Os temas são mais práticos e conseguimos aplicar bastante no dia a dia”, relata o profissional.
Entre os temas de destaque no primeiro dia, pode-se apontar a Radiologia Intervencionista, com 12 estudos de caso intensamente debatidos ao longo das primeiras quatro horas de evento, entre diversos especialistas nas áreas de interesse. O chamado Clube dos Angiografistas teve estudos de caso que abordaram vários slides e vídeos demonstrativos, sempre debatendo outras formas de interação com a plateia.
Na sala de Ultrassonografia Geral, onde existia um ambiente para procedimento filmado e exibido no telão do auditório, o Dr. Fernando Linhares demonstrou a elastografia hepática em uma voluntária. A demonstração ocorreu logo após duas falas dos doutores David Carlos Shigueoka e Marcos Roberto Gomes de Queiroz, todos de São Paulo, sobre o mesmo tema.
Ainda dentro do tema geral da Ultrassonografia, a sala 16 foi reservada aos Cursos Hands-on. O espaço contava com equipamentos, instrutores e pacientes voluntários que foram examinados diante dos olhos dos observadores. Também foi possível aos interessados operar as máquinas e tirar dúvidas relacionadas aos temas em tempo real.
“É uma honra participar de um evento como o CBR, gosto muito e acho que ele tem cada vez mais o espaço que merece. É um dos principais congressos da especialidades do país”, afirma o Dr. Wagner Iared, coordenador e instrutor das atividades da primeira manhã de CBR, voltadas à Ultrassonografia Geral.
A parte da tarde do primeiro dia de evento também trouxe muitas atividades interativas e, nesta edição do evento, houve a estreia do espaço Workplace, uma área aberta na entrada da área de exposições, onde temas da área médica foram colocados em pauta. Um dos tópicos foi a inteligência artificial, que despertou muito interesse de todos que passavam no entorno dos corredores ao redor do espaço, debatendo o papel do médico com a entrada cada vez mais presente de máquinas e “cérebros eletrônicos” que podem otimizar e tornar mais assertivo seu trabalho.
Ainda, outro destaque do dia 12 de outubro foi a sala onde ocorreu o Simpósio da Sociedade Brasileira de Neurorradiologia Diagnóstica e Terapêutica (SNBR) – Avaliação por imagem no acidente vascular cerebral isquêmico (AVC) agudo. Nele, grande parte do tempo foi dedicada a atividades práticas acerca da tomografia computadorizada. Os presentes puderam perceber não apenas aspectos técnicos da aplicação do exame, como também compartilhar pontos de vista, casos e tirar conclusões com muito maior embasamento.
O módulo de Mama tem neste ano a parceria com a Sociedade Ibero-Americana de Radiologia Mamária (SIBIM), que realiza simultaneamente o XI Congresso. Um dos representantes da entidade internacional no evento foi seu atual presidente, Dr. Melcior Sentís, da Espanha, que falou sobre novas tecnologias na avaliação da mama, incluindo a telemamografia, além do papel da ultrassonografia na avaliação dos linfonodos axilares depois do trial ACOSOG Z011.
“Do ponto de vista da Sociedade, é um prazer trabalhar com o Brasil, com seu tamanho continental. Estamos encantados com o resultado e acreditamos que esse seja o caminho, com uma integração maior com os radiologistas brasileiros e novas parcerias na organização de eventos. O nível do curso é excelente, e quando trabalhamos juntos, trabalhamos melhor”, destaca o presidente da SIBIM.
Abertura
O Dr. Emilio Cesar Zilli, diretor de Defesa Profissional da Associação Médica Brasileira (AMB), ministrou a palestra de abertura do CBR 17, sobre novas formas de pagamento e o mercado da saúde suplementar no Brasil.
Dentre outros assuntos, ele mostrou como se compõem as formas de saúde no país, falou sobre o sistema DRG (Diagnosis Related Groups), que, segundo ele, ainda é um modelo que exige discussão para a AMB, e comentou a importância do Fator de Qualidade. Além disso, criticou o sitema de maneira geral: “A situação do Sistema Único de Saúde [SUS] e da saúde suplementar não são muito diferentes”.
Homenagem
A medalha de Ouro, maior honraria concedida a um profissional pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), foi entregue ao Dr. Henrique Carrete Junior, ex-presidente do CBR (2013-2014) e presidente-eleito do Colégio Interamericano de Radiologia (CIR). Muito emocionado, ele dedicou suas realizações pessoais e profissionais aos seus pais, esposa, filhos e colegas de profissão, que tanto o ajudaram ao longo de sua história.