2022-10-03 09:56:51 - 16

Webinar Ultrassom teve palestras sobre Torção do Cordão Espermático e Varicocele

Os Drs. Decio Prando e Osmar Saito fizeram apresentações no seminário online sobre Hot Topics no Ultrassom da Bolsa Testicular

A Comissão Nacional de Ultrassonografia do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) promoveu, no dia 27 de setembro, um webinar sobre Hot Topics no Ultrassom da Bolsa Testicular. Disponível na íntegra no canal oficial do CBR no YouTube, o seminário online teve palestras dos doutores Decio Prando, formado pela Faculdade de Medicina da USP, com pós-graduação pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), médico radiologista da Clínica Prando-US Especializado; e Osmar Saito, médico supervisor técnico no Hospital das Clínicas da USP, radiologista pelo CBR e RSNA. Eles falaram, respectivamente, sobre os temas Torção do Cordão Espermático e Varicocele: Como Examinar.

A coordenação deste Webinar Ultrassom foi do Dr. Luis Ronan Marquez Ferreira de Souza, diretor da ABCDI e professor associado da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). “Foi um momento único, de reencontrar grandes professores, que têm muito renome na área de Ultrassonografia da Bolsa Testicular, e discutir sobre novas abordagens dessas patologias”, destacou Ronan. A coordenação geral foi do Dr. Harley de Nicola, coordenador da Comissão Nacional de Ultrassonografia no CBR.

Torção do Cordão Espermático

Dr. Decio Prando falou sobre Torção do Cordão Espermático e Ultrassom com Doppler. “Na torção do cordão espermático - esse termo é mais apropriado do que torção do testículo -, ele gira em seu eixo longitudinal, e pode dar metade de uma volta ou até três voltas. Vai de 180° até 720° ou mais que isso. Mas o que torce não é o testículo, é o cordão”, defendeu.

Nos casos de torção, “nas primeiras horas há o bloqueio da drenagem venosa, o que leva a um edema difuso de toda a gônada”, explicou o Dr. Decio Prado. “Uma rotação maior de 360°, mesmo que tenha só uma ou duas horas de ocorrência, já vai causar bloqueio arterial. E esse bloqueio arterial vai causar hemorragia, isquemia e necrose. O motivo é que não existem anastomoses, ou são raras, neste território supra testicular”, continuou.

Ainda de acordo com ele, clinicamente existem dois picos para a torção: os períodos puberal e neonatal. “O período puberal, genericamente, iria de 12 a 18 anos, com um pico dos 13 aos 14; e o neonatal vai de assim que a criança nasce a até 6 meses, 1 ano.”

O Dr. Decio Prado também defendeu a recomendação de que, quando o médico não enxerga sinais de torção pelo ultrassom, deve esperar um pouco. “É conveniente esperar de duas a três horas, porque pode haver uma mudança importante e você passa a fazer o diagnóstico, que até então não era evidente, pelo Doppler.”

Ele apresentou 25 sinais ultrassonográficos da torção do cordão espermático, entre os quais estão o aumento das dimensões do testículo, posição do testículo na bolsa, identificação da arquitetura testicular, morfologia esférica, hiperecogenicidade difusa e espessamento da parede escrotal - confira a íntegra no canal oficial do CBR no YouTube.

Varicocele: como examinar

O Dr. Osmar Saito apresentou palestra com o tema Varicocele: como examinar. Ele explicou que varicocele é a dilatação do plexo pampiniforme das veias do plexo pampiniforme, uma rede de muitas pequenas veias encontradas no cordão espermático masculino. É a massa mais frequentemente encontrada do cordão espermático.

O palestrante também apresentou dados que apontam que a varicocele atinge de 10% a 20% da população masculina no mundo; de 35% a 40% dos pacientes com varicocele têm na doença a causa da infertilidade primária; e mais de 80% têm na varicocele a causa da infertilidade secundária.

“Quando eu associo ultrassom com Doppler, o diagnóstico da varicocele subclínica, aquela que clinicamente a gente não identifica, aumenta para mais de 91%. Então, vejam a importância do ultrassom associado ao Doppler”, destacou o Dr. Osmar Saito.

Sobre a fisiologia da varicocele, ele explicou: “é um refluxo, como a gente tem nas veias da perna, quando tem varizes, relacionado ao peso da coluna hidrostática, que acaba levando, muitas vezes, a uma estase sanguínea e, secundariamente, uma hipóxia”. Ainda de acordo com o palestrante, “a principal ação da varicocele se deve ao fato de que, esse sangue retido, nesse local, acaba aumentando a temperatura no escroto. Então, a temperatura aumenta e isso leva a um prejuízo da espermatogênese, gerando oligospermia ou azoospermia”.

O Dr. Osmar Saito também apresentou detalhes sobre a dinâmica da varicocele, como ser mais comum no lado esquerdo; e sintomas da doença, como dor no(s) testículo(s), sensação de peso no escroto, desconforto no testículo e testículo menor onde estão as veias dilatadas (devido à diferença no fluxo sanguíneo).

A classificação clínica da varicocele é: Grau I) palpada somente durante a manobra de Valsalva; Grau II) palpada sem a manobra de Valsalva; e Grau III) distensão visível do plexo pampiniforme.

Sobre como fazer o diagnóstico da varicocele, o Dr. Osmar Saito recomendou: “Ponto principal é o exame físico, questionar o paciente sobre o que está acontecendo; Espermograma; ultrassom com Doppler, que tem mais de 91% de sensibilidade na detecção da varicocele”. Outros exames citados, porém com ressalvas, são: “cintilografia, que é interessante, mas muito caro, de difícil acesso em vários centros; ressonância magnética também é um bom exame, mas também é caro e muitas vezes de difícil acesso; e venografia da veia espermática, mais difícil ainda”.

Sobre o exame de ultrassom, o Dr. Osmar Saito declarou que frequentemente recebe questionamentos sobre como fazê-lo e deu recomendações sobre o método, como:

- Avaliação dos testículos e epidídimos com o paciente em decúbito dorsal
- Cálculo do volume e Doppler do parênquima testicular
- Sala e gel aquecidos para evitar contração do músculo cremastérico
- Plexo pampiniforme: Doppler em ortostase com manobra Valsalva (nos momentos finais do exame)

Após as apresentações, os palestrantes responderam a perguntas de médicos que participaram ao vivo do webinar.

Confira o Webinar Hot Topics no Ultrassom da Bolsa Testicular na íntegra no canal oficial do CBR no YouTube.