2022-08-04 12:23:00 - 16

“A batalha contínua” e a Comissão de Ultrassonografia

“Um dos caminhos para a valorização da classe profissional é a busca pela qualidade total”, declarou o Dr. Aldemir Humberto Soares, que era presidente do CBR na época da criação do Selo de Qualidade em Ultrassonografia

Selo-ultrassonografia cbr
Shutterstock

Por Leandro Conceição

O Certificado de Qualidade em Ultrassonografia do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) foi criado 2002. O surgimento de Comissão focada em avaliar a qualidade dos equipamentos de ultrassom veio na esteira dos resultados positivos obtidos com o pioneiro Selo de Mamografia, em 1992, e em paralelo às tratativas para implementação das Comissões de Ressonância Magnética e Tomografia Computadorizada -- todos cujo histórico abordamos em reportagens anteriores --, na gestão de Aldemir Humberto Soares na presidência do Colégio.

A Comissão Nacional de Ultrassonografia (CNUS) do CBR foi instituída um ano após uma reportagem do “Fantástico”, da TV Globo, mostrar erros médicos causados pela má-qualidade dos equipamentos.  “Há um ano o CBR estava dando entrevista para a Rede Globo de Televisão sobre Ultrassom, hoje lança a Comissão de Qualificação em Ultrassonografia para emitir um selo de qualidade e não deixar que erros médicos como os divulgados no programa ‘Fantástico’ voltem a ocorrer”, dizia editorial do Boletim CBR de junho de 2002, assinado por Renata Donaduzzi, com o título “A batalha contínua”. No mês seguinte, o mesmo boletim trouxe o destaque: “Comissão de Qualificação em Ultrassonografia está pronta”.

“O Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem acredita que um dos caminhos para a valorização da classe profissional é a busca pela qualidade total”, declarou o Dr. Aldemir Humberto Soares, então presidente do Colégio, no Boletim CBR de maio de 2004. “Com serviços e clínicas comprovadamente avaliadas por uma equipe de profissionais habilitados, o CBR pode atestar ao usuário que seus exames serão feitos por especialistas na área, com equipamentos de alta tecnologia calibrados e preparados para realizar os procedimentos necessários para um diagnóstico preciso”, completou Dr. Aldemir.

No Boletim CBR de junho de 2003, o Dr. Antonio Carlos Matteoni de Athayde, então vice-presidente região Nordeste do CBR e membro da CNUS do CBR relatava o trabalho árduo para promover Qualidade na área por todos os cantos do país:

“Temos tido experiências bastante agradáveis durante nossas andanças pelo Brasil afora, conhecendo cidades que seguramente não teríamos o prazer de conhecer caso não tivéssemos colocado em prática em nossa comissão o item vistoria que acreditávamos ser um dos mais importantes e o nosso dia-a-dia tem nos mostrado que escolhemos o caminho correto, apesar de ser muitas vezes árduo e cansativo.

A primeira vistoria realizamos na cidade de Teixeira de Freitas que dista aproximadamente 900 km de Salvador e 250 km de Porto Seguro, cidade até onde poderíamos ir de avião. Começamos nossa epopeia por via aérea na quinta-feira à tarde, saindo de Salvador, pois não havia voo na sexta-feira em horário que permitisse chegar em Porto Seguro e de lá seguir viagem para Teixeira de Freitas, evitando estrada à noite e chegando a tempo de encontrar a clínica aberta. Pernoitamos em Porto Seguro e no dia seguinte cedo lá fomos nós.

Chegando em Teixeira de Freitas aproximadamente depois de 2 horas e meia, sendo recebido pela colega de forma extremamente receptiva, porém perplexa, pois não acreditava que algum membro da comissão fosse até aquela cidade tão distante dos grandes centros. Neste momento tivemos a absoluta certeza posteriormente comungada com nossos colegas da comissão, da importância do nosso trabalho e da credibilidade do selo de qualidade em decorrência das vistorias, sobretudo por estarmos dispostos a alcançar qualquer ponto do nosso país por mais distante que fosse, estava então dada a partida (...).”

Passadas duas décadas, a Comissão de Ultrassonografia segue na luta para promover e conscientizar sobre a importância da qualidade. “Acredito que ainda falte uma conscientização no setor. No entanto, o número de solicitações [do Selo de Qualidade] vem aumentando ao longo dos anos. A tendência é que este número aumente ainda mais, pois os serviços têm percebido as vantagens de serem acreditados por uma instituição séria como o CBR”, afirma o coordenador da CNUS, Dr. Harley de Nicola.

“O selo é uma garantia de que a clínica ou hospital foi submetida à avaliação do CBR, e que a instituição avaliou e atestou a qualidade técnica das imagens e laudos dos exames, considerando-os adequados aos seus rigorosos padrões. É um importante diferencial para os serviços de diagnóstico por imagem”, completa Dr. Harley.

Pacientes, médicos e clínicas beneficiados

selo ultrassonografia cbr

O coordenador explica sobre como é feito o trabalho da Comissão de Ultrassonografia: “Começa no envio do material por parte do serviço que busca o Selo, pois este material necessita ser avaliado para sabermos se está adequado ao processo. Após esta primeira parte, vem a avaliação propriamente dita, onde cada membro da CNUS precisa conhecer as regras de avaliação e saber aplicá-las de maneira correta, para que não haja erro no processo, o que pode levar à reprovação ou aprovação de maneira equivocada. Ainda assim, as avaliações são submetidas à uma segunda leitura”.

Dr. Harley de Nicola faz questão de ressaltar que a busca por qualidade beneficia pacientes, médicos e clínicas. “O programa de certificação do CBR é de grande importância para o ambiente de diagnóstico por imagem. A maneira com a qual a certificação é feita, com informações sobre os equipamentos utilizados, imagens e corpo clínico, aumenta a qualidade e segurança para os pacientes submetidos aos exames. O benefício também é sentido pelos médicos solicitantes e planos de saúde. Importante ressaltar que desde o seu início, a maneira de avaliação de todos os métodos diagnósticos está em constante aperfeiçoamento.”

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