Experiência de três décadas dos Selos de Qualidade CBR impulsionou a criação do Programa de Acreditação em Diagnóstico por Imagem (Padi), que amplia o foco em qualidade para todos os aspectos do serviço
A experiência de quase três décadas dos Certificados de Qualidade CBR, abordados nas edições anteriores deste Boletim, impulsionou a criação, em agosto de 2015, do Programa de Acreditação em Diagnóstico por Imagem (Padi), que amplia o foco em qualidade para todos os aspectos do serviço. Avalia desde a estrutura física, os equipamentos e a formação mínima necessária dos profissionais envolvidos na execução dos procedimentos, passando pelos processos, principalmente os que envolvem o atendimento aos pacientes, da recepção à entrega dos laudos. O Padi cresce e recebe cada vez mais reconhecimento, inclusive internacional.
“Queremos qualificar nacionalmente os serviços, públicos ou privados, que aderirem voluntariamente ao programa, por meio de avaliações, criteriosas e imparciais, do cumprimento de requisitos mínimos de qualidade, segurança e sustentabilidade. O CBR acredita que para atingir a excelência em serviços em diagnóstico por imagem, é necessário aliar a gestão e a técnica”, afirma o presidente do Colégio, Valdair Muglia.
A estruturação do Padi aconteceu por meio de um grupo multidisciplinar que, visando também o reconhecimento junto à sociedade técnico-científica, definiu os principais processos que compõem a prestação de serviço em diagnóstico por imagem. Os princípios e critérios são desenvolvidos com base nas melhores práticas e nos requisitos legais mínimos, e conta com a participação e revisão de radiologistas representantes dos diferentes métodos, além de contribuições de profissionais de diversos serviços, comissões técnicas e sociedades parceiras do CBR. Envolve ainda pesquisa sobre as experiências de sucesso de outros programas de acreditação no Brasil e no mundo.
A Norma Padi é periodicamente atualizada, a fim de garantir a qualidade em novos processos. Na Versão 5, de 2021, por exemplo, foram incluídas modificações relacionadas a temas como: atuação na área de telerradiologia; revisão de valores aumentando a capacidade de inclusão de clínicas de todos os portes, inclusão de critérios para atender a LGPD, novos critérios de atendimento centrado no paciente, critérios que norteiam a adoção de políticas de tratativa de dilemas éticos. Além da atualização da versão da Norma Padi, a metodologia do Padi mudou, adicionando uma Auditoria Observada, na qual o auditor Padi auxilia o cliente na tratativa das não conformidades da última auditoria interna, como um processo educativo, visando a sustentabilidade da metodologia.
Desde 2016 o CBR é reconhecido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) como entidade acreditadora por meio do Padi, o que garante que as clínicas acreditadas pelo programa tenham direito ao melhor índice na aplicação do Fator de Qualidade estipulado pela Lei nº 13.003/14 e regulada pela Resolução Normativa nº 405, de maio de 2016. O objetivo é que os pacientes possam fazer melhores escolhas baseadas em qualidade, que as operadoras invistam em redes assistenciais mais efetivas e que os prestadores de serviço aperfeiçoem seus processos e desempenhos.
O Padi é reconhecido internacionalmente pela Sociedade Internacional para a Qualidade da Assistência à Saúde (ISQua, na tradução da sigla em português) desde 2017. Com atuação em mais de 100 países, a ISQua é uma organização sem fins lucrativos voltada à qualidade da assistência à saúde e trabalha de forma independente. É a única sociedade no mundo que chancela padrões voltados à acreditação em saúde, atuando em conjunto com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Um diferencial importante do Padi é o fato de ser o único programa de acreditação do Brasil em diagnóstico por imagem a avaliar a qualidade dos exames e dos laudos.
A construção de um programa de Qualidade focado em radiologia e diagnóstico por imagem
A criação do Padi foi aprovada em Assembleia Geral Ordinária do CBR realizada em outubro de 2013. O Boletim CBR de dezembro daquele ano noticiou que:
“A diretoria está construindo um programa de acreditação de serviços de radiologia de diagnóstico primário, a semelhança do Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos (PALC), da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial. O novo serviço atenderá a demanda gerada por iminentes exigências da ANS. A ideia foi apresentada na Assembleia e na reunião do Conselho Consultivo realizadas durante o CBR 13 e teve grande aceitação. A iniciativa vai completar e fortalecer os atuais programas de qualidade do Colégio”.
A matéria de capa do Boletim CBR de agosto de 2014 confirmou: “CBR terá seu próprio programa de acreditação.”“Com lançamento oficial em breve, o Programa de Acreditação em Diagnóstico por Imagem (Padi) vem sendo desenvolvido CBR para beneficiar pacientes em todo o país, por meio do incentivo à qualidade crescente da prática médica na área, e para oferecer aos serviços uma referência em acreditação construída a partir da credibilidade e do conhecimento do CBR.”
A Dra. Cristina Khawali, que participou da elaboração e implementação do Padi, relembra o período de formatação do programa. “O Dr. Conrado [Cavalcanti] e o Carlos Moura (assessor econômico do CBR) iniciaram o desenho dessa Norma. No início de 2014, o presidente do CBR, Dr. Henrique Carrete, fez um contato com uma consultoria especializada na área de qualidade em medicina diagnóstica e, por meio dessa parceria, durante aproximadamente seis meses, profissionais médicos especialistas na área de radiologia e de qualidade em saúde se reuniam semanalmente para construir a Norma, que foi estruturada em princípios e critérios e que foram desenvolvidos baseados nas melhores práticas e nos requisitos legais mínimos. Contamos também com a revisão de radiologistas representantes dos diferentes métodos, além de contribuições de profissionais de diversos serviços e das comissões técnicas do CBR. Finalizada a primeira versão, a mesma foi submetida a uma consulta pública, à avaliação de órgãos de classe e instituições da área de saúde e três auditorias testes foram realizadas, para então, considerarmos a Norma pronta para ser aplicada às clínicas de imagem.”
O Boletim CBR de janeiro/fevereiro de 2015 destacou a reta final para a implantação do Programa, com uma apresentação recebida com muito entusiasmo por representantes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e de diversas organizações médicas.
O Boletim CBR seguinte destacou a realização do primeiro Curso de Formação de Auditor Externo do Padi.
“O curso tem um caráter educativo, com um público bastante seleto, incluindo formadores de opinião no mercado. São donos de clínicas, bons médicos e gestores qualificados. Não esperava um nível tão alto em minha primeira vez dando aula para formar auditores”, comentou, na ocasião, o então coordenador do Padi, Conrado Cavalcanti.
As edições de maio e junho do Boletim CBR trouxeram notícias sobre a realização do primeiro Curso de Formação de Auditor Interno do Padi, com objetivo de qualificar profissionais para cumprir os requisitos de Qualidade previstos na Norma da acreditação dentro dos estabelecimentos que prestam serviços de radiologia e diagnóstico por imagem.
O Boletim CBR de outubro de 2015 destacou: “Programa tem primeira clínica acreditada”. Representantes da Mega Imagem, de Santos (SP), vieram à sede do CBR, em São Paulo (SP), receber o Certificado de Acreditação das mãos do então presidente do Colégio, Dr. Antonio Carlos Matteoni de Athayde, e do coordenador do programa, Dr. Conrado Cavalcanti.
“Esperamos que seja apenas a primeira de muitas clínicas acreditadas pelo Padi, um programa que veio para beneficiar tanto os pacientes quanto as próprias clínicas”, comentou, na ocasião, o Dr. Matteoni.
Um dos sócios da clínica, Luis Augusto Gasparini, declarou: “Não existe sobrevivência sem qualidade. O cliente compara você não só com outras clínicas, mas com outros serviços, como por exemplo, hotéis e restaurantes (...) Algumas vezes, fazíamos um ótimo exame, mas o paciente não saía satisfeito por causa de uma falha no atendimento. Era contraditório”.
Outra sócia do estabelecimento, Nancy Nagata Gasparini, exemplificou: “O programa nos ajuda até a enxergar se é mesmo necessário comprar um equipamento em determinado momento (...) [O Padi] É algo bom para a sociedade brasileira em geral e não somente para os radiologistas”.
Em seguida, o Padi foi tema de simpósio no 45º Congresso Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem realizado pelo CBR em outubro de 2015. O Boletim CBR de novembro de 2015 publicou reportagem sobre o evento. Na ocasião, o Dr. Henrique Carrete Junior (SP), que coordenou o simpósio, projetou: “As pessoas vão falar cada vez mais do Padi, o que significa falar de qualidade, de segurança para os pacientes, de educação continuada e também de melhor remuneração para aqueles que enfocam esses conceitos”. Menos de uma década depois, a expectativa do Dr. Carrete foi confirmada. O Padi promove qualidade em centenas de clínicas por todo o país e cresce cada vez mais.
Ganha-ganha
Uma das clínicas acreditadas desde o início do programa é a CURA Medicina Diagnóstica, de São Paulo (SP). “Tenho segurança em dizer que é uma cultura que veio para ficar e deve ser seguida. No mundo atual, não deve haver mais espaço para não haver aferição da qualidade”, afirma o Dr. Jacob Szejnfeld, diretor da empresa. “A avaliação constante permite verificar, ter atenção e corrigir possíveis eventos críticos. É importante para criar oportunidade de melhora”, complementa.
Sobre o processo de acreditação, Dr. Jacob avalia: “É também um processo de treinamento e educação dos funcionários. E isso acaba fazendo parte da cultura. É um jogo de ganha-ganha: ganham o paciente, a clínica e os funcionários”.
Serviços Elegíveis para Acreditação Padi
- Densitometria Óssea
- Mamografia
- Medicina Nuclear
- Radiologia Geral
- Radiologia Intervencionista
- Ressonância Magnética
- Tomografia Computadorizada
- Ultrassonografia
- Telerradiologia
Auditores Padi: agentes de apoio na busca infindável por melhorias
Profissionais das áreas de saúde e gestão formados pelo Padi por meio de cursos teóricos e práticos, os auditores externos credenciados pelo CBR são os únicos profissionais aptos a avaliarem os serviços sob a esfera do programa. São peças fundamentais na busca constante pela qualidade.
A enfermeira Laura Vargas Acauan, auditora líder de Porto Alegre (RS) e membro do Comitê Técnico de Auditores Padi, afirma que o objetivo da função é “ser o agente de apoio para que as melhorias sejam entendidas como contínuas, que a qualidade é cíclica, além de sua busca ser infindável”. Para isso, ressalta ela, que escreveu uma tese de doutorado sobre a acreditação do CBR, é preciso “entender as peculiaridades de cada serviço, estabelecer uma comunicação eficiente com o auditado, manter o foco no ensinamento, na troca de experiência e nunca na fiscalização”.
A farmacêutica e auditora Padi Aline Ducatti, de Cascavel (PR), afirma que o principal desafio da função é “estar sempre antenada às mudanças da Norma Padi e às inovações de mercado”.
O estudo constante é fundamental, afirma. “Para ter conhecimento técnico-científico e de mercado, para poder trocar com os clientes informações de forma a ter uma parceria de educação contínua e crescimento constante entre as partes. Tanto o cliente que está sendo auditado quanto o auditor sempre crescem muito em cada processo de auditoria. É muito gratificante ver a diferenciação no mercado, o engajamento das empresas no crescimento e entendimento da Norma Padi, demonstrando suas melhorias a cada visita que estamos presentes, seja no virtual ou no modo presencial.”
Helen Moreira, auditora líder Padi desde 2015 diz que a comunicação é um grande desafio. “Conseguir levar a informação para diferentes realidades, com empatia e respeito pelo contexto local, provando que a Norma Padi é aplicável para todos os tamanhos e perfis de serviços de diagnóstico por imagem e, acima de tudo, realmente agrega valor à instituição, aos colaboradores e à comunidade.”
Os auditores decidiram iniciar na função por enxergarem a demanda de foco maior em Qualidade na Saúde. “Quando do lançamento da primeira versão da Norma Padi, fui surpreendido pela aderência que ela se apresentava ao modelo de gestão e à realidade dos serviços de imagem. Eu atuava como gestor de uma clínica e percebi que alguns assuntos tratados na norma ainda eram negligenciados na gestão da clínica. Foi então que percebi que havia muito a aprender e, para minha surpresa, no âmbito de um programa de acreditação, a Norma era apenas o início de um processo extremamente rico de melhoria e aprendizado sistêmicos”, diz Anderson Mattozinhos, auditor Padi em Minas Gerais.
Além dos auditores externos, existem os auditores internos, que são pessoas do próprio serviço que se capacitam com o objetivo de preparar o seu local de trabalho para participar do Padi.
*Matéria publicada na edição 402 do Boletim CBR, em agosto de 2022